GRupo musical de Apoio à Mobilização POpular é uma comunidade de músicos e poetas, baseada na propriedade coletiva dos meios de produção cultural e na divisão igualitária das receitas auferidas, com o compromisso de acordar sonâmbulos excluídos e sonâmbulos trabalhadores explorados, para uni-los num novo pacto social, visando a construção de uma sociedade plural, onde coexistam harmonicamente a propriedade coletiva da terra e dos meios de produção e a propriedade privada, sendo a riqueza, a renda e o lucro devidamente tributados e esses recursos administrados com honestidade, de modo a garantir e sustentar, para todos, trabalho, estabilidade no emprego, salário justo, educação, assistência médica, lazer, e aposentadoria digna, sem forma alguma de exclusão social.


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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A UTOPIA DO GRAMPO

É humilhante constatar que, visto lá de fora, o Brasil não passa de uma monarquia bufa, onde abundam e pontificam reis e rainhas de tudo: o rei Momo e mais os reis e rainhas do futebol; da jovem guarda; do axé; do carnaval; do forró; do baião; do rock; da vela; da passarela; do pó; do tráfico; do contrabando; do descaminho; das licitações; da noite; do ferro e os respectivos reis de outros minerais; o rei do gado; da soja; do café; do cacau; do jogo-do-bicho; da cocada preta; da orgia; da bandalheira e por aí vão desfilando suas altezas e seus séquitos, pelos gabinetes, salões e passarelas do Brasil.

Obviamente, o Brasil da impunidade seletiva, que protege a guarda do dinheiro público nas cuecas e nos paraísos fiscais não é um país sério.

Nos países desenvolvidos, do Brasil só se tem respeito e admiração pelo MST e por alguns pensadores como Paulo Freire e ativistas sociais, como Chico Mendes.

Como um espelho d’água refletindo a lua, o Grampo tem Paulo Freire como mentor. Sua luz nos inspira, enriquece, consola e encoraja.

Como Paulo Freire, lutamos pelo sonho, pela utopia, pela esperança, porque também entendemos que o utópico não é o irrealizável, nem o idealismo, mas a dialetização dos atos de denunciar e anunciar. O ato de denunciar a estrutura desumanizante e de anunciar a estrutura humanizante. Nesse sentido, a utopia também é o nosso compromisso histórico.

Guiados pelo nosso mestre, aprendemos que não se pode sonhar em favor de alguma coisa, sem sonhar contra a coisa que impede a realização do nosso sonho. Sabemos claramente com o que sonhamos e a favor de quem sonhamos. Quem se beneficia com o nosso sonho? A burguesia que explora, ou a massa explorada, condenada ao sofrimento?

Fazendo nossas as palavras dele, também sonhamos em ajudar a construir uma sociedade menos feia do que a de hoje; uma sociedade menos injusta e que tenha mais vergonha.

Na cartilha onde aprendemos a ler não se escreve “a asa é da ave”. Na nossa escola ninguém vem receber instruções, postulados, receitas, ameaças, repreensões e punições, mas construir coletivamente um saber.

Com o nosso saber, estamos escrevendo a nossa versão da história.

Um comentário:

  1. Representante da Clemente Ferreira diz:

    Lalado, meu caro, o problema do Brasil não são os reis que figuram nas colunas sociais ou policiais - alias está cada dia mais difícil distinguir as duas coisas, as mãos algemadas que aparecem nas páginas policiais de hoje são as mesmas que deixaram-se fotografar semanas antes, erguendo uma taça de champangne em algum recinto nababesco- Mas voltando, não são os reis os verdadeiros vilões do Brasil e sim a grande massa anônima que os coroaram. Não adianta matar o tirano sem extirpar as razões da tirania.
    Saudaçoes e parabens pelo blog. Encontrei-o hoje e subitamente me recordei do endereço do blog que você me passou na ocasião em que conspiravamos nas escadas da Andromed. hehhee

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